Falar de inclusão é muito mais do que garantir rampas ou sinalizações. É sobre enxergar o outro com respeito, empatia e humanidade. Pessoas com deficiência — sejam físicas ou neurodivergentes — têm direitos garantidos por lei, como o desenho universal previsto na Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que em 2025 completa 10 anos de existência. Uma década depois, ainda nos perguntamos: estamos realmente preparados para acolher todos os alunos?
Segundo o IBGE, em 2022 o Brasil tinha 14,4 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 7,3% da população com dois anos ou mais. Apesar desse número expressivo, cerca de 52% a 58% das vagas reservadas por lei para essa população estão atualmente ocupadas. Isso revela que, mesmo com avanços legislativos, persistem barreiras invisíveis — como preconceito, limitações de acessibilidade e falta de profissionais capacitados — que ainda dificultam a plena inclusão, especialmente no mundo do trabalho.
A celebração dos 10 anos da LBI ganha ainda mais força com a realização da Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, promovida pela Faders – Acessibilidade e Inclusão, em parceria com municípios e entidades.
Realizada entre os dias 21 e 28 de agosto de 2025, a iniciativa trouxe o tema “Acessibilidade é abrir portas, incluir é manter portas abertas”, reforçando a importância de transformar políticas públicas em práticas reais, que garantam dignidade e participação plena em todos os espaços sociais.
Como instituição que forma jovens para o mundo do trabalho, é nosso compromisso que esse tema seja abordado desde os primeiros passos na vida profissional. O mercado é diverso, e preparar nossos aprendizes para conviver, respeitar e colaborar com pessoas com deficiência é parte fundamental da formação cidadã e profissional. Mais do que cumprir cotas, as empresas precisam também enxergar na inclusão uma oportunidade — não uma obrigação. Ambientes inclusivos são mais criativos, humanos e produtivos.
Além disso, a inclusão não diz respeito apenas ao outro — ela também nos envolve diretamente. A deficiência pode surgir em qualquer momento da vida, seja por acidente, doença ou envelhecimento. Por isso, construir uma sociedade inclusiva é garantir que todos, em qualquer fase, tenham acesso, dignidade e oportunidades.
Ao formar cidadãos conscientes, estamos também moldando um futuro mais acolhedor para todos nós. A escola é o lugar onde aprendemos a conviver. E conviver exige escuta, respeito e ação. Que possamos transformar o discurso em prática, e a inclusão em realidade — dentro e fora da sala de aula.