Um movimento fundamental que ressalta a importância de colocar em prática as estratégias de prevenção, detecção precoce e enfrentamento do câncer de mama - você já deve conhecê-lo: o Outubro Rosa. Durante as reflexões do mês, é discutida a prevenção, a detecção precoce e as medidas de enfrentamento (educação para a saúde, tratamentos etc.) da doença.
Segundo a coordenadora do curso Técnico em Radiologia do Senac Saúde, Janaina Fagundes de Moraes, nos últimos 30 anos, observa-se uma diminuição muito positiva nas taxas de mortalidade por câncer de mama. Isso está relacionado, de acordo com a especialista, com campanhas como a do Outubro Rosa, que informam a população sobre o autoexame, a mamografia, os avanços nos tratamentos e o sucesso no combate à doença. "Quando a população é adequadamente informada, ela muda o seu comportamento, passando a se cuidar mais e melhor. É o que temos visto. Apesar de ainda contrato com uma elevada incidência de câncer de mama, já não é mais uma doença incurável, graças aos diagnósticos realizados cada vez mais precocemente. Infelizmente, as taxas de mortalidade ainda são altas, o que nos mostra o quanto ainda temos trabalho a fazer", destaca.
Janaina ressalta que ainda não é possível impedir a doença, porque o câncer de mama é multifatorial, ou seja, não possui uma causa única. Entretanto, quando as causas são conhecidas, é possível agir sobre aquelas que estão sob controle: "Existem fatores de risco que nós podemos manejar (como tabagismo, sedentarismo, alimentação rica em gordura, tratamento de reposição hormonal, como exemplos)".
Também há os fatores que não podem ser controlados, como, por exemplo, as causas genéticas do câncer de mama. Porém, segundo a coordenadora, apenas 1 em cada 10 mulheres tem câncer de mama por predomínio de fatores genéticos. As outras 9 terão câncer de mama relacionado a fatores ambientais, nutricionais, hábitos de vida. "Então, quando falamos em prevenção, é sobre controlar os fatores de risco que estamos falando".
O ideal é, indica a especialista, identificar o câncer de mama em uma fase inicial, na qual o nódulo seja tão pequeno que ainda não consiga ser palpável. Essa é portanto, a relevância da mamografia nesse cenário. “Ela não previne o câncer, mas consegue detectá-lo em uma fase muito inicial, na qual o tratamento também será menos agressivo e a taxa de cura será muito elevada, próxima ou até acima de 90%. É importante ressaltar que: fazer mamografia não causa câncer de mama; a compressão da mama não causa lesões; a não identificação de nódulos no autoexame não dispensa a mamografia; a mamografia precisa ser vista pelo médico da paciente, pois há pacientes que fazem o exame e não levam nao médico, achando que fazer a mamografia, por si só, previne o câncer", explica.
O autoexame das mamas, comenta Janaina, é uma estratégia de detecção precoce, e não de prevenção. "Quando se identifica um nódulo, alerta-se a paciente para a rápida procura por atendimento médico e realização de exames, agilizando o diagnóstico. A preocupação sempre deve ser o diagnóstico precoce ou, pelo menos, o mais rápido possível".
Para o enfrentamento da doença trabalha-se em várias frentes: educação da população para prevenção e detecção precoce, organização de políticas públicas para agilizar o diagnóstico e o início do tratamento, pesquisas de novos tratamentos. "Esses são apenas algumas das estratégias de enfrentamento. O Rio Grande do Sul é pioneiro nisso. Alguns dos centros de diagnóstico por imagem dispõem de Tomossíntese Mamária, que pode ser usado para diagnóstico precoce de câncer de mama em pacientes jovens e em mulheres que usam próteses. A Tomossíntese é um dos mais modernos métodos de diagnóstico, mas que, infelizmente, ainda não está disponível para as pacientes do SUS", revela.
Por fim, a docente ainda indica:
• O câncer de mama é uma doença tratável e curável nos dias de hoje, mas que requer diagnóstico precoce e vigilância constante.
• Fazer o autoexame das mamas a partir da menarca (1ª menstruação) é importante para identificar alterações e, diante disso, procurar o mastologista ou ginecologista rapidamente.
• Nas mulheres entre 40 e 69 anos, a realização de mamografia e ultrassonografia anualmente para rastreamento de câncer de mama é indispensável, porque é nessa faixa etária que a imensa maioria dos casos ocorre.
• A partir dos 70 anos, a mamografia e a ultrassonografia podem ser realizadas a cada 2 anos.
• Sempre mostrar os exames para o seu médico mastologista ou ginecologista.
• Se possível, não fumar, não abusar de bebida alcoólica, evitar alimentos gordurosos e ultraprocessados, fazer atividade física regular, não usar hormônios estrogênios e progesterona sem a devida indicação e supervisão médica e realizar seus exames de rastreamento regularmente.