
Apesar de muitas vezes não apresentarem sintomas, as hepatites virais podem provocar sérias complicações no fígado e, em casos mais graves, levar à morte. Conhecidas como doenças “silenciosas”, essas infecções exigem atenção redobrada quando o assunto é diagnóstico precoce e prevenção.
De acordo com a enfermeira e docente do Senac Novo Hamburgo, Carol Engers Piumato, o termo “silenciosa” se refere justamente à ausência de sinais visíveis, especialmente nas fases iniciais da doença. “A pessoa pode conviver com a infecção por muitos anos sem saber, enquanto o vírus continua agindo no fígado e pode causar complicações graves, como cirrose, câncer hepático e até a morte”, alerta. Por isso, a especialista reforça que o diagnóstico precoce é essencial para garantir o tratamento adequado e evitar consequências irreversíveis.
Cinco tipos principais
As hepatites virais são classificadas em cinco tipos principais: A, B, C, D e E. Segundo a enfermeira, cada uma tem formas diferentes de transmissão, sintomas e níveis de gravidade.
A hepatite A, por exemplo, é transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados, costuma ser leve e tem cura. Já a hepatite B pode ser contraída por meio de contato com sangue contaminado, relações sexuais desprotegidas e uso compartilhado de objetos cortantes ou seringas. “É uma infecção mais grave, mas que pode ser prevenida com vacinação”, explica a docente.
A hepatite C, por sua vez, é transmitida principalmente pelo sangue contaminado e é considerada altamente silenciosa. “Infelizmente, ainda não existe vacina para esse tipo, e ele não tem cura. Por isso, a prevenção e o diagnóstico precoce são ainda mais importantes”, enfatiza Carol.
A hepatite D só ocorre em pessoas já infectadas com hepatite B, pois precisa desse vírus para se replicar. Já a hepatite E é semelhante à hepatite A, também transmitida por água ou alimentos contaminados, sendo mais comum em regiões com saneamento básico precário.
Vacinas e prevenção
Atualmente, existem vacinas seguras e eficazes contra os tipos A e B. No caso da hepatite A, a imunização está disponível no SUS para crianças a partir dos 15 meses de idade, além de grupos específicos de risco. A vacina contra hepatite B faz parte do calendário vacinal e está disponível para todas as idades. “Todas as pessoas que não foram vacinadas ou que não completaram o esquema vacinal podem procurar uma unidade de saúde para se imunizar gratuitamente”, reforça a especialista.
Além da vacinação, a prevenção passa por cuidados simples no dia a dia. Entre eles estão o uso de preservativos em todas as relações sexuais, o não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como escovas de dentes, lâminas de barbear e alicates, e o uso exclusivo de materiais esterilizados em procedimentos estéticos. “Também é fundamental garantir o uso de seringas e agulhas descartáveis e realizar testes rápidos para hepatites B e C, disponíveis no SUS”, orienta.
Diagnóstico como forma de cuidado
Para Carol, buscar o diagnóstico mesmo na ausência de sintomas é um ato de responsabilidade. “Testar-se é um ato de cuidado com a própria saúde e com a saúde coletiva. O diagnóstico precoce salva vidas, pois permite o acompanhamento e o início do tratamento antes que ocorram danos ao fígado”, afirma.
O tratamento das hepatites B e C, assim como os testes rápidos, também estão disponíveis de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde. A recomendação da especialista é clara: “Quanto antes a infecção for identificada, maiores são as chances de evitar complicações e melhorar a qualidade de vida”, alerta.