Malícia X Sabedoria: Os desafios do educador do século XXI ? Parte 2
por Luis Teodoro Quintana Peixoto - Docente da Faculdade de Tecnologia Senac Pelotas
Dado momento de nossas vidas, mais cedo ou mais tarde, sempre nos perguntamos: “E eu aqui neste mundo. Mas para quê mesmo?”
Utopias à parte, esta reflexão um dia fará parte de nosso cotidiano. E talvez um pouco mais visceral quando enfrentamos o desafio diário de educar. Educar para o comércio de bens, serviços e turismo, mas também para a vida.
Quando nos deparamos com aquelas atitudes rebeldes, de enfrentamento adolescente já mencionada em outro artigo, com aquela necessidade da transgressão, normalmente nossa reação é calcada no sentimento de poder (no sentido autocrático da palavra), dissolvendo já de cara as expectativas de entendimento e empatia (lembre-se que, muitas vezes para este estudante, nós parecemos os inimigos). A partir daí, a parede já foi levantada. Consequentemente, surge o distanciamento, a indiferença, o confronto e a retórica maliciosa.
É preciso entender o papel de educador. E não educamos com poder. Educamos pelo exemplo e pela liderança. Experimente questionar estudantes adolescentes sobre a diferença entre “poder” e “liderança”. A resposta virá de imediato: “o poder é dado pelo papel; a liderança pelo exemplo”. Eu mesmo, certa vez, fui surpreendido em sala de aula por esta resposta. Assim, de “bate-pronto”.
Por isso, a importância de refletirmos sobre este desafio que nos é imposto, e sobre a diferença que poderemos exercer na vida destas pessoas, que não poucas vezes tem no educador o espelho para suas carreiras, sonhos e desafios a serem vencidos. E este processo, o de inspirar pessoas, passa necessariamente pelo autoconhecimento, pelo exercício da empatia e muitas vezes, pela resiliência. Fácil? De forma alguma. Rápido? Nem sempre. Mas possível. Com muita sabedoria.
Somente assim poderemos preparar para a vida. Muitas vezes, mais do que a própria família prepara. Sejamos espelhos, inspiradores, catalisadores de sonhos. E sempre tendo a consciência de que “SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA”.